terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Exposição na BPAR
A evolução do conhecimento sobre a história natural dos Açores motiva uma exposição na Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada, patente até 18 de Maio de 2010.
A ciência é feita por pessoas, mais comuns do que todas as efabulações que são construídas fazem supor, que, com as ferramentas e metodologias de que dispõem na altura, vão apreendendo e codificando o mundo que as rodeia. Ora, a exposição "O futuro tem um passado" é exactamente construída sobre as contribuições de algumas destas figuras, e até as suas inter-relações, o que se transforma num poderoso factor de motivação para que os jovens enveredem por um carreira profissional na área das ciências naturais e tecnológicas. Quem não se entusiasma com um exemplo positivo?
Nem que fosse só por isso, quando o mundo ocidental se debate com falta de cientistas e engenheiros, aqui fica esta chamada de atenção para uma visita atenta a esta mostra.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Cheias na Madeira

Para além da inarrável miséria humana e devastação provocadas na ilha da Madeira pelas enormes chuvadas do dia que agora finda, que para muitos infelizmente se tornou mais longo que a normal medida do tempo, importa não esquecer que, não obstante se tratarem dos resultados de um fenómeno natural, os efeitos deste último são sempre amplificados pela errada ocupação do território.
A solução - ou antes, a lição - passará sempre por um planeamento do uso do solo adequado, com instrumentos de gestão territorial que não sejam "passados a ferro" desde o momento da sua aprovação. Lamentavelmente, apesar de no imediato, após qualquer problema como o que hoje se passou, todos referirem a necessidade de ocupar racionalmente o território, depressa tal é esquecido. Até à próxima!

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Não há "fumo" sem fogo

Ontem mesmo, em declarações à comunicação social, um autarca afirmou que decorrem contactos entre a Associação de Municípios de São Miguel e o Governo dos Açores relativas à incineração de resíduos nesta ilha, eufemisticamente designada como valorização energética.
Apenas lembro, por agora, que a construção de verdadeiras soluções sustentáveis ambientalmente deve abarcar, sem medos, ou esqueletos em armários fechados, um amplo processo de participação pública, para mais num tema como o que está em causa. Por favor, a quem de direito, não se esqueçam deste aspecto, imprecindível à obtenção de uma verdadeira legitimidade.
Duas décadas após...

Passam hoje 20 anos da libertação de Nelson Mandela, personalidade admirável que, não obstante as décadas de aprisionamento a que foi sujeito, liderou, desde a primeira hora no exterior da cela, a transição para uma nova África do Sul, assente na efectiva igualdade entre raças. Só é pena que os seus sucessores não mostrem o mesmo calibre...
A recente edição do livro INVICTUS, da autoria do jornalista John Carlin (Editorial Presença, 2010) evidencia bem este caminho, aliás de forma bem mais feliz que o filme homónimo a que deu origem. Fica o convite para a leitura!

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Não é suficiente!

O prometido fôlego renovador do Presidente Barack Obama vai-se esfumando com o tempo e, em matéria de ambiente, parece cavar-se um fosso entre meras palavras e as medidas concretas adoptadas pelos E.U.A.. Após uma dúbia condução do processo negocial da COP-15, em Copenhaga, que muitos confundiram com a emergência de um eixo de poder que colocava a União Europeia na periferia, o corte das emissões de gases com efeito de estufa anunciado por aquele país, da ordem de 17% até 2020, para mais tomando o ano de 2005 como referência, mostra que, num tempo em que não pode haver tergiversações, podemos ficar longe do objectivo final.
Conclui-se, ainda, que a posição linear e sustentada assumida pela União Europeia quanto à resposta às alterações climáticas mostra um empenho mais profundo. É um pouco como um corredor de maratona, que apesar de não correr tão depressa como um atleta de 100 metros, tem de avançar muito mais depressa do que aquele que apenas pratica marcha.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Cépticos

Ainda a propósito de alterações climáticas: o pseudo-escândalo da intersepção de mensagens de correio electrónico de cientistas do Climate Research Unit (Universidade de East Anglia, Reino Unido) veio dar novo ânimo aos cépticos...
O resultado evidente é a demonstração de que aos cientistas incumbe explicar os seus resultados, e em particular as incertezas associadas aos mesmos, antes que alguém dê a estas últimas um realce a todos os títulos exagerado e, de alguma forma, possa confundir a opinião pública. Para mais, quando as decisões políticas são tomadas com janelas de observação muitas vezes estreitas, esta questão é cada vez mais crucial.
Novas da frente climática

O jornal "Público" refere-se, na sua edição de hoje (1-Fev-2010), às estimativas da emissão de gases de efeito de estufa em Portugal relativamente ao tecto imposto pelo Protocolo de Quioto. Não obstante a diversidade de razões que possam ser invocadas, quer ao nível das políticas públicas levadas a cabo, quer dos impactes de outros factores, como a crise económica, verifica-se uma tendência para a aproximação ao objectivo proposto. Com efeito, em 2005 o desvio era de +21%, em 2006 de +14%, em 2007 de +9% e em 2008 de +6%.
De acordo com os dados disponíveis no sítio http://www.cumprirquioto.pt, no período 2008-2012 o desvio será de +5% (ou seja mais 17,62 Mt CO2e do que o tecto de Quioto), o que, apesar de implicar a aquisição de direitos de emissão no exterior, não configura a situação mais grave antecipada.
Seria muito positivo perceber a posição em que se encontra a Região Autónoma dos Açores relativamente a estes números...