sábado, 9 de janeiro de 2010

Responsabilidade e caldos de galhinha

As intempéries que se abateram sobre os Açores no final de 2009 / início de 2010 vieram, mais uma vez, demonstrar como uma abordagem baseada no princípio da precaução pode ajudar a reduzir a vulnerabilidade face à ocorrência de perigos naturais. Infelizmente, também mais uma vez, o tempo invernoso veio colocar em evidência alguma irresponsabilidade por parte de quem devia defender o bem público...
Dois exemplos que o demonstram à saciedade: (1) onde andam aqueles que na altura que se discutia o Plano de Ordenamento de Orla Costeira da ilha das Flores, em Janeiro de 2008, tanto pugnavam para que se pudesse voltar a ocupar a Ponta da Fajã, quando aquele instrumento de gestão territorial propunha que se mantivessem as restrições observadas até então (se calhar os mesmo que chegaram a levar a questão à Assembleia Legislativa Regional dos Açores)? Bastou ocorrer mais um movimento de massa para demonstrar que a proposta que avançavam era manifestamente irresponsável, e ao arrepio de todos os pareceres técnicos especializados; (2) que dizer daqueles que achavam exageradas as restrições propostas para a ocupação humana nalgumas das fajãs da ilha de São Jorge, avançadas na proposta de Plano de Ordenamento de Orla Costeira, quando se viu o que um temporal pode fazer nas Fajãs dos Cúberes e de Santo Cristo? Ainda pensam, olimpicamente, o mesmo?

P.S. - No último Congresso da Associação Nacional de Municípios Portugueses, o seu presidente mais uma vez atacou os responsáveis pelas políticas ambientais. O mesmo que já disse achar que as populações deviam correr à pedrada os fiscais do ministério do Ambiente (convenhamos que mesmo como imagem é um pouco forte). Como humilde munícipe, só espero que os autarcas dos Açores que fazem parte da direcção eleita da ANMP, presidida por tão ilustre personagem, não compartilhem, pelo menos, daquelas opiniões.

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